A água é o elemento básico, utilizado no combate ao incêndio em sistemas de sprinklers. Diante disso, fica uma pergunta: o que fazer para evitar o congelamento da água, quando o local protegido pelo sistema de sprinkler possui temperatura ambiente abaixo de 0°C? Nestes casos teremos, no mínimo, duas opções:
Existem outras aplicações para o sprinkler seco, porém, neste artigo, falaremos um pouco mais sobre o sprinkler seco aplicado em sistemas com tubo inundado.
O princípio de ativação do sprinkler do tipo seco, segue a mesma sequência de qualquer outro: “funciona automaticamente quando seu elemento termossensível é aquecido à sua temperatura de operação ou acima dela, permitindo que a água seja descarregada” (ABNT NBR10897, 2014. p. 6), porém o que o distingue dos demais é que ele possui um mecanismo, uma haste, no interior do niple de extensão, que mantém o orifício de entrada de água selado até o momento do rompimento do elemento termossensível (bulbo). Uma vez que ocorra a ativação do sprinkler, pela elevação da temperatura, a água entra pelo orifício de conexão com a tubulação, passa por dentro do niple, passa pelo orifício do sprinkler e é distribuída sobre a área protegida.
Nas figuras abaixo, podermos observar a posição do selo de entrada antes e depois da ativação do sprinkler seco.
O sprinkler seco é destinado a ambientes sujeitos ao congelamento, tais como câmaras frigoríficas. Também é uma alternativa à instalação de sistemas de tubulação seca no interior do ambiente frigorificado, assim como orientado pelo projetista João C. W. Jr:
“Uma solução muito adequada é o uso de bicos secos (dry sprinkler). Em ambiente de temperatura positiva, a tubulação passa por cima da câmara fria. Porém, os bicos atravessam o teto da câmara e ficam posicionados no seu interior. Trata-se, nesse caso, de um sistema de tubos molhados, que pode até usar arranjos de tubulação em forma de grid (grelha). O único problema é que bicos ESFR K 17 são o máximo disponível”. Para esse tipo de bico, a câmara fica limitada a um pé-direito de 12,20 m e a altura de armazenagem a 10,70 m (2015, p.98).
Porém, como toda aplicação de sprinklers, alguns critérios técnicos importantes precisam ser seguidos. Veremos melhor esses critérios na seção seguinte.
Seguindo os passos de definição técnica do sprinkler, podemos adotar a seguinte lista:
Ressaltamos aqui, uma característica técnica importantíssima: o comprimento mínimo do cilindro exposto (face do “tê” ao topo do teto). Esta dimensão deve ser bem definida, para que se impeça o congelamento da água no interior da tubulação inundada. Caso o trecho seja curto demais, o mesmo poderá ficar suficientemente gelado para que provoque o congelamento da água no trecho próximo à conexão entre a rosca do sprinkler seco e a tubulação molhada. Dito isto, pegando como exemplo as orientações do fabricante Reliable, o projetista deverá utilizar a tabela de cruzamento das temperaturas das áreas protegida e aquecida, para saber o comprimento ideal do cilindro exposto.
Para evitar problemas diversos, além da correta especificação, é necessário seguir as orientações de instalação. Segue abaixo, uma lista básica:
2. Utilização de material vedante e/ou isolante térmico, conforme procedimentos de instalação orientados pelo fabricante. Os cuidados com a vedação do vão entre o niple de extensão e a estrutura da parede ou teto da câmara frigorificada, visam eliminar a possível condensação de água que pode gerar crostas de gelo sobre o sprinkler, impedindo sua correta operação. Nestes casos, orientamos, para qualquer tipo de preenchimento/vedação, que o material utilizado seja de uma linha de proteção passiva, sendo resistentes ao fogo e à umidade;
IMPORTANTE: Em hipótese alguma, orientamos o uso de espuma expansiva de poliuretano para este tipo de vedação, pois este material em contato com o fogo, libera o gás cianídrico que é altamente venenoso.
3. No caso dos modelos da Reliable, não instalar em tês ou conexão de adaptadores de CPVC com obstruções internas, o que danifica o sprinkler e ou a conexão (Conforme orientação do boletim 153, Pág.14);
IMPORTANTE: Não observar as orientações de instalação, fatalmente ocasionará problemas, imediatos ou não, no sprinkler seco. É possível que o leitor já tenha visto, em câmaras frigoríficas, sprinklers secos com crostas de gelo presas ao mesmo, possivelmente causadas pela falta de vedação adequada. Outro problema que pode ocorrer é o vazamento em partes do equipamento devido a utilização de chaves de instalação inadequadas ou aplicação de força em locais incorretos. Vemos abaixo, um exemplo claro de não observância das orientações, que ocasionou a danificação de sete sprinklers de uma mesma instalação:
O sprinkler do tipo seco (dry) possui algum tipo de gás no interior do niple de extensão? Não. Avaliamos o sprinkler seco fabricado pela Reliable e confirmamos que não há qualquer tipo de gás no interior do niple.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10897: Sistema de proteção contra incêndio por chuveiros automáticos – requisitos. Rio de Janeiro: ABNT, 2014. p. 6, 9.
WOLLENTARSKI JR., J. C. Sprinklers: Conceitos básicos e dicas excelentes para profissionais: um estudo prático sobre a NFPA 13. Publicações do Prêmio Instituto Sprinkler Brasil. São Paulo, 2015. p. 98.