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16 de outubro de 2018 / Por / 15 Comentários

Válvula de Governo e Alarme: noções gerais

As Válvulas de Governo e Alarme são peças fundamentais em um sistema de proteção contra incêndio, mas você sabe como elas realmente funcionam, a importância da manutenção e o que diz a legislação sobre o tema? Saiba aqui!

Válvula de Governo e Alarme: noções gerais

A segurança é fundamental para qualquer negócio, não é mesmo? E parte essencial desse sistema são as Válvulas de Governo e Alarme, também conhecidas como VGA. São mecanismos muito importantes que garantem, por exemplo, o funcionamento correto em casos de incêndio.

O que acha, então, de tirar todas as suas dúvidas sobre o assunto e entender como as Válvulas de Governo e Alarme funcionam, a importância da manutenção para garantir o sistema funcionando e até mesmo o que a legislação brasileira diz sobre o assunto?

Continue a leitura para saber mais!

O que são as Válvulas de Governo e Alarme (VGA)?

As Válvulas de Governo e Alarme (VGA) são equipamentos que atuam na retenção de água entre os ramais e as bombas, quando o sistema está em repouso, e, quando em funcionamento, na detecção de fluxo de água e alarme (mecânico ou elétrico) em sistemas de proteção contra o incêndio por sprinkler, tendo, essa última função, opções variadas conforme a concepção do projeto do sistema.

As VGAs devem ser instaladas em cada coluna de alimentação de um sistema de sprinkler e, assim que o mesmo é ativado pela abertura de sprinkler, as VGAs disparam o alarme de incêndio logo após identificar fluxo de água em seu interior. Esse processo acontece a partir do fluxo de água gerado pela abertura de um sprinkler e ocorre sem a necessidade de energia elétrica, pois é um processo essencialmente mecânico.

Vale pontuar aqui que os chuveiros automáticos, ou sprinklers, possuem grande variação de modelos e são aplicados em diferentes sistemas; segundo as definições do Prof. Telmo Brentano (2015. p. 554) e João Carlos W. Junior (2015. p. 73, 74, 81 e 86), destacam-se os seguintes sistemas de proteção contra incêndios por chuveiros automáticos:

  • de Canalização Molhada;
  • de Canalização Seca;
  • de Pré-ação ou Ação Prévia;
  • de Dilúvio.

Como funciona uma VGA?

Conforme descrito no livro do pesquisador do IPT-USP, Deives Jr. de Paula (2014. p. 45), o funcionamento da VGA ocorre da seguinte forma a partir da abertura de um ou mais chuveiros automáticos:

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  • no princípio de incêndio, a água será descarregada pelo orifício destes e a pressão na rede de distribuição diminuirá. Consequentemente, a pressão de água abaixo do obturador da VGA;
  • por diferença de pressão, impele-o para cima, fornecendo água ao sistema e provocando a abertura da válvula auxiliar;
  • dando passagem à água para o circuito de alarme, para acionamento do mesmo e enchimento da câmara de retardo;
  • quando a câmara de retardo está completa, a água flui para acionar o motor de alarme e/ou o pressostato, que ativará uma campainha elétrica de alarme;
  • o pressostato pode ser conectado para ativar o alarme com circuitos normalmente abertos ou normalmente fechados. Para prevenir falsos alarmes, devido a falsas variações de pressão da fonte de abastecimento de água, a câmara de retardo acumula pequenas quantidades de água que fluem através do circuito de alarme nesses casos.

As válvulas de governo e alarme aplicam-se exclusivamente aos Sistemas de Canalização Molhada, como veremos abaixo.

“O sistema de tubos molhados é o mais usado no mundo para instalação de sprinkler. Nesse tipo de sistema, a água está diretamente conectada ao bico que, sendo aberto, dá ao líquido aplicação imediata.” (Junior. 2015. p. 73). O professor Telmo Brentano complementa: “contém permanentemente água pressurizada em seu interior, […]. O Sistema de chuveiros automáticos de canalização molhada, é o mais simples e comum de todos os sistemas, […]. Têm uma grande restrição, que é o congelamento da água em suas canalizações para temperaturas próximas de 0ºC”. (2015. p. 554).

Dependendo das características do local onde será instalado o sistema de proteção contra incêndio, haverá a necessidade de instalação da VGA. A Norma de projeto e instalação, a ABNT NBR10897:2020, no item 3.10.8, define a válvula de governo e alarme como um “conjunto composto por válvula seccionadora, válvula de retenção e sistema de alarme de fluxo, manômetro, drenos e acessórios, instalado em cada coluna de alimentação (riser) de um sistema de chuveiros automáticos.”

Enquanto parte de um sistema, as VGAs estão associadas a outros equipamentos, tais como: válvulas de alívio, gongos, pressostatos, entre outros.

 

Informações relevantes sobre a Válvula de Governo e Alarme

Válvulas de alívio: todo o sistema de tubos molhados deve possuir, na válvula de governo ou a jusante dela, uma válvula de alívio não menor que ½’’, regulada para operar a 175 psi (12,1 bar) ou a 10 psi (0,7 bar), acima da pressão máxima dos sistema: o que for maior.

Caso exista um reservatório de ar para absorver excessos de pressão, a válvula de alívio não é requerida. Essa exigência serve para evitar excessos de pressão oriundos da variação de temperatura no sistema.

Imagine um telhado de um galpão em que, durante o dia, as temperaturas se aproximam de 40 ºC e, à noite, são de 15 ºC. Com as altas temperaturas, a água se expande, resultando em um excesso de pressão. Com a válvula de alívio, temos certeza de que não haverá pressões acima de 175 psi (12,1 bar) no sistema. (Junior, J. C. W. 2015. p. 73)

A citação acima é respaldada na Norma de projeto e instalação, a ABNT NBR10897.

Para instalações no Estado de São Paulo, existem orientações nas instruções técnicas do corpo de bombeiros, relacionadas às VGAs, nos requisitos 5.10 ao 5.12; destacamos aqui apenas a orientação prevista no requisito 5.12:

O gongo hidráulico, normalmente presente nas válvulas de governo e alarme, pode ser substituído pelo alarme elétrico, interligando a mesma ao sistema de alarme principal da edificação, de forma a avisar quando passar água no sistema a partir do funcionamento de um único chuveiro. (CBMESP, 2018, p.2)

Quais as principais características técnicas de uma VGA?

Para especificar adequadamente uma, é necessário definir as seguintes informações:

  • Diâmetro:3”, 4”, 6” e 8” (diâmetros mais comuns no Brasil);
  • Tipo de conexão na entrada e saída:Ranhura (Groove) / Flange;
  • Pressão máxima de trabalho:175psi / 250psi / 300psi;
  • Certificação:UL e/ou FM;
  • Equipamentos opcionais:Gongo / Pressostato / Câmara de retardo./ Válvula de alívio

Dicas importantes sobre as VGAs:

  • Em geral, cada modelo de VGA possui dimensões próprias. É necessário levar isso em consideração, em caso de necessidade de substituição de VGA danificadas;
  • É importante especificar tanto a conexão de entrada (montante), quanto a conexão de saída (jusante) da VGA;
  • Confirmar a necessidade de especificar a cor, pois alguns fabricantes fornecem modelos pintados de preto, apesar da cor mais comum ser a vermelha.

Quais são as melhores práticas para manutenção de uma VGA?

Uma prática fundamental para qualquer sistema de segurança é a conservação e manutenção. E quando falamos em VGA, é ainda mais importante ter um trabalho focado em manutenção preventiva. Afinal, todos os outros equipamentos estão diretamente conectados e são impactados pelo seu melhor funcionamento.

O mais importante aqui é desenvolver um calendário de inspeção e testes, assegurando que profissionais qualificados sempre monitorem o que está acontecendo com o VGA. Normalmente, são dois sintomas principais que indicam um problema nesse sistema:

  • Quando o alarme mecânico (gongo) não funciona;
  • Quando o alarme dispara sem necessidade por surtos de pressão;
  • Quando o alarme dispara de forma intermitente por excesso de ar confinado;
  • Quando existe um fluxo (vazamento) constante de água na linha de drenagem.

Um ponto importante durante a manutenção da Válvula de Governo e Alarme é realizar a separação das áreas de operação com a rede de sprinklers. Isso ajuda a não prejudicar o sistema de combate a incêndios como um todo, permitindo que você realize a manutenção apenas na válvula que demonstra algum problema.

O que diz a legislação sobre as Válvulas de Governo e Alarme?

Para garantir o funcionamento ideal das Válvulas de Governo e Alarme, é importante seguir todas as recomendações da NFPA 25 (National Fire Protection Association). O objetivo dessa recomendação é garantir que os profissionais responsáveis criem programas de inspeção, teste e manutenção.

No Brasil, as empresas devem seguir as orientações da ANBT NBR 10897:2020. Em geral, essa norma fala sobre todo o sistema de sprinklers, o que influencia diretamente também a instalação das VGAs, por exemplo.

Além dessas duas normas principais, é preciso considerar também a regulamentação desenvolvida pelo Corpo de Bombeiros de cada estado brasileiro. Ou seja, são três orientações gerais que você deve seguir para garantir o funcionamento seguro de todo o sistema, incluindo as VGAs.

As informações, aqui citadas, possuem caráter informativo, constituem apenas um breve apanhado e não esgotam o assunto relacionado às Válvulas de Governo e Alarme (VGA). Para além disso, faz-se necessária a consulta das Normas em vigência, bem como as instruções técnicas dos Corpos de Bombeiros Militares Estaduais (CBME) e demais orientações pertinentes.

Autor: Braulio Viana – Dep. de Engenharia Skop Sprinklers

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15 Comentários

  • Luiz Floriano Alves disse:

    Em matéria de instrumentação está matéria está atrazada em dezenas de anos. Instrumentos de ação hidráulica são os mais dificeis de calibrar e operar. Os pneumáticos e os digitais, que se usam na atualidade, são mais eficientes e fáceis de manter.

    • Skop Sprinklers disse:

      Prezado Luiz, agradecemos imensamente o seu comentário.

      Realmente os sistemas com VGA são relativamente mais simples no que diz respeito à “instrumentação”, justamente por suas características específicas de aplicação. O conteúdo apresentado no artigo trata do sistema do tipo tubo molhado mais utilizado na prevenção contra incêndio no mundo. Esse padrão é seguido mundialmente, conforme previsto nos requisitos da Norma Brasileira (ABNT) e Americana (NFPA). Neste caso, o sistema de controle hidráulico é um sistema paralelo a outros sistemas de prevenção, mais complexos ou não, e funciona como uma redundância de segurança; trata-se de um sistema que se propõe simples mesmo. Por exemplo: segundo as Normas, chaves de fluxo com retardo eletrônico são proibidas, pois não resistiriam às condições dos ambientes agressivos de instalação e não funcionariam quando fosse necessário. Vale ressaltar que o sistema de VGA pode ficar estático por anos, décadas, e ser acionado de forma repentina. A “simplicidade”, nesse caso, torna o sistema mais seguro.

      Agradecemos mais uma vez e reiteramos nossa disponibilidade para maiores esclarecimentos sobre sistemas ESPECÍFICOS de incêndio pelo e-mail suporte@skop.com.br.

  • dificilmente algum sistema atende a gregos e troianos, porém quero deixar explícito aqui minha pequena experiencia com o SPK tive oportunidade de rever o funcionamento em alguns estabelecimento no contexto da eficiência dos sprinklers e acredito que, o sistema mecânico é de tal forma independente em seu funcionamento, que dispensa qualquer ação de periféricos a eles somados, pois os cálculos e respostas dos sistemas mecanicamente instalados são independentes, eficientes, e autônomos desde que sigam os projetos.

    • Braulio Viana disse:

      Olá José.
      Agradecemos seus comentários. Realmente o sistema é bastante confiável desde que siga o projeto e, acrescentaríamos, passe por manutenções regulares.
      Contamos com sua interação em nossos demais conteúdos.

  • CONTINUANDO TALVEZ HAJA ALGUMA IMPORTÂNCIA NESTE COMENTÁRIO QUE FAREI.
    EM ALGUNS ESTABELECIMENTOS AONDE FORA APLICADA UMA VGA (VÁLVULA DE GOVERNO E ALARME) PUDE CONSTATAR QUE A APLICAÇÃO DA COMUTAÇÃO FORA APLICADO ANTES DA VGA O QUE DEIXA A VGA NULA OU SEM UTILIDADE, POIS ELA PERDERA A SUA FUNÇÃO PRINCIPAL DE AÇÃO.
    PORÉM SE APLICARMOS A COMUTAÇÃO EM PONTOS EM QUE A VGA NOS OFERECE AI SIM TEREMOS UMA EFICIÊNCIA COMPLETA, FIZ UM VÍDEO NO YOUTUBE GROTESCAMENTE MAS QUE ACREDITO QUE SERVIRÁ A MUITOS INSTALADORES A APRIMORAREM A TÉCNICA DA LEITURA DE UM SISTEMA DE SPK

    • Braulio Viana disse:

      Olá José.
      É importantíssimo conhecer para fazer a aplicação correta dos equipamentos. Muito obrigado por compartilhjar sua experiência.
      Contamos com sua interação em nossos demais conteúdos.

  • Roberto Aparecido disse:

    Olá equipe Skop e demais profissionais ou conhecedores do ramo….Pergunto se alguem já presenciou algum sistema com VGA -Tubo molhado, com camara de retardo instalado após processo de pressurização mesmo efetuando a limpeza da rede pelo fim de linha( fechado e sistema sem vazamento), o Gongo fica atuado continuamente, quais foram os motivos identificados? Desde já obrigado.

    • Braulio Viana disse:

      Olá Roberto!
      Não temos como afirmar com 100% de certeza, mas é possível que ocorra uma das hipóteses abaixo:
      1 – A entrada do gongo não esteja interligada, exclusivamente, à saída de alarme da VGA. Digo isto, porque, como diz no item 3 deste artigo, a água só passaria da saída de alarme para a tubulação que vai para o gongo, se a VGA estivesse com a portinhola interna (válvula auxiliar ou retenção) aberta. Como o gongo está ativado direto, é possível que exista algum erro na instalação e o gongo esteja recebendo água de outro ponto.
      2 – A instalação está correta e a portinhola interna da VGA ainda esteja com alguma obstrução e por isso não veda adequadamente a passagem de água para o circuito de alarme, fazendo com que o gongo fique ativado o tempo todo.

      Bom, são apenas duas hipóteses, contudo, esperamos que o ajude nesta investigação inicial.

      Se precisar nos envie e-mail no suporte@skop.com.br
      Conte conosco!

  • MILTON A. OLIVEIRA disse:

    Boa tarde Sr Braulio
    Estou justamente com esse problema (o gongo aciona sem nenhum bico rompido), em tempo, não foi minha empresa que fez o sistema.Apenas estou tentando resolver o problema.
    Se possível me passa seu contato para trocar umas informações.
    Obrigado a SKOP a esse artigo,bem esclarecedor

  • Paulo Randerson disse:

    Sobre manutenções nas VGAS no quesito MANÔMETRO não achei em norma uma periodicidade para calibração dos manômetros ou seja de quanto em quanto tempo devo calibrar esses manômetros ou se devo ou não calibrar tenho um que não esta marcando a pressão corretamente será que calibro quando eu detectar alguma não conformidade?.

  • Hudaks Salomão disse:

    Eu lido com Projetos de Segurança Contra Incêndio, a pouco mais de 15 anos, e, aqueles que envolvem sistema de chuveiros automáticos.

    Gostaria de saber se há alguma previsão técnica no que se refere a VGA, se esse dispositivo importantíssimo do sistema, tem limitação ao tamanho de uma rede dimensionada de sprinklers?

    Tem limitação em relação a área em m2? Ou
    Em Relação a quantidade de bicos de chuveiros em uma rede ou ramal?

    Ou alguma relação com sistemas de sprinkles projetados em Pavimentos superior (que se projetam acima um do outro Pavimento?).

  • Raimundo Cardoso Filho disse:

    Gostaria de saber como a pressão acima da VGA pode chegar a 14, 15 kg. Temos outras duas em paralelo, no entanto, apenas esta alcança esta pressão o que tem causado transtornos como acionamento na central de alarme, vazamento na chave de fluxo e outros. A pressão está ajustada para 8kg mas chega a 15kg em determinados horários, o que nos leva a drenar um pouco a rede.

  • Marcos Wot6trich disse:

    Gostaria de saber porque os manômetros da VGA estão com pressão diferentes.

    • Roberto Aparecido disse:

      Olá, Marcos Wot6trich,
      Creio que seja o seguinte cenário, manômetro “montante” localizado antes da VGA está com pressão menor do que o manômetro “jusante” localizado após a VGA.
      Elevação da pressão normalmente se dá em razão da temperatura existente no “telhado” onde os ramais do sistema de sprinkler permanecem aquecidos, com o próprio calor do ambiente.

  • Marcos Wottrich disse:

    Bom dia. É o contrário.
    O manômetro ¨montante¨está com pressão maior do que o manômetro jusante.

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