06/03/2018 Por Skop / 6 comentários Favorito

Sprinkler: Conhecendo as características técnicas e a forma correta de especificar

Autor: Equipe Suporte Skop

1. Introdução

Em uma primeira impressão, o sprinkler pode parecer um equipamento muito simples e sem rigor técnico elevado, porém é importante lembrar que este simples equipamento é o “gatilho” que dispara automaticamente todas as ações de um Sistema de Proteção Contra Incêndio por Chuveiros Automáticos, cujo objetivo principal é a proteção de vidas humanas e patrimônios. Por isso, deve ser um dispositivo confiável no curto e no longo prazo, a fim garantir os resultados esperados a qualquer tempo e em qualquer lugar.
Para produzir um único sprinkler certificadosão necessários cerca de 150 processos de fabricação e de controle de qualidade. Ou seja, desde o recebimento da matéria prima até a remessa do produto montado para o mercado, serão executadas cento e cinquenta etapas, sendo 80% delas de controle de qualidade. Achou pouco ou muito? Neste ponto já começamos a entender que não se trata de um equipamento tão simples quanto imaginávamos!
Outra questão interessante é que dada a variedade de características técnicas (Ø orifício, tempo de resposta, temperatura nominal, …), poderíamos chegar a mais de 1100 combinações diferentes. Impressionante, não? Isso sem falar de outras variáveis, tais como: tipo de elemento termossensível, tipo de cobertura, entre outros. Mas, vamos com calma! Existe uma luz no fim do túnel!
Neste artigo, vamos apresentar um breve esclarecimento sobre as principais características técnicas e um passo a passo, focado nas variações mais utilizadas no Brasil, para lhe ajudar no entendimento do produto e auxiliar na correta especificação técnica dos sprinklers. Vamos lá?

2. Principais características técnicas do sprinkler

As oito características técnicas básicas que precisam ser definidas para a correta especificação do sprinkler, são: Fator K, tipo de resposta, posição de instalação, tipo de cobertura, diâmetro da rosca de conexão, temperatura de acionamento, tipo de acabamento e certificação do produto. Sendo assim, passamos a apresentar de forma resumida cada uma delas.

2.1. Fator K (Coeficiente de descarga)

Está relacionado ao diâmetro do orifício interno do sprinkler e define sua capacidade de vazão de água. Eventualmente você encontrará o valor de “K”pode ser expresso nas unidades de medida do Sistema Internacional (SI) ou Unidade Americana (US). A normaindica treze graduações de valor, porém os mais aplicados no Brasil são K80 e K115. A foto abaixo demonstra a diferença de diâmetro interno entre alguns modelos de sprinklers e isto indica variados fatores K.

Sprinkler fator k

Na tabela abaixo são apresentados os valores mais convencionais do Fator K, tanto na unidade do Sistema Internacional como também no Sistema Americano.

tabela valores mais convencionais do Fator K

Palestra: A qualidade oculta do Sprinkler certificado

2.2. Tipo de resposta

Esta característica define a velocidade de ativação do bulbo de vidro (ou liga-fusível) quando exposto ao calor, ou seja, quantos segundos mais rápido, em média, um bulbo será em relação ao outro. A norma Brasileira define três classificações, sendo: rápida, especial e padrão. Porém as mais utilizadas são: Resposta Rápida e Resposta Padrão.

tipo de resposta

2.3. Posição/orientação de instalação

Este é outro ponto importante. Esta característica apresenta três variações principais: em pé (ou upright), pendente e lateral.

posição em pé (ou upright), pendente e lateral

Nota:Existe ainda a possibilidade de utilizar as posições acima associadas a condições especiais de uso. São eles: Decorativos (Embutido, Flush e Oculto), Resistente à corrosão e Seco (Dry).

Sprinklers Decorativos-Embutido-Flush-e-Oculto

2.4. Tipo de cobertura

Esta característica está relacionada à área (m²) que o sprinkler conseguirá “cobrir” e proteger. Existem duas classificações de cobertura: padrão e estendida. A diferença entre o sprinkler de cobertura padrão e o de cobertura estendida poderá ser identificada pela constituição física do defletor e pelas marcações no mesmo. A norma nacional indica a área máxima e mínima para cada uma destas classificações. É importante entender que não existe uma área específica para cada uma das classificações, a definição da área dependerá das características do ambiente protegido, da forma de cálculo hidráulico utilizado no projeto entre outros. Atualmente no Brasil, só são fabricados sprinklers de cobertura padrão, devido a maior demanda por este tipo de equipamento.

2.5. Diâmetro da rosca

São utilizados basicamente três diâmetros: ½” (DN15), ¾” (DN20) e 1” (DN25). O padrão NPT é o principal padrão de rosca utilizado pelos fabricantes de sprinklers, nacional e internacionais. É importante esclarecer que o padrão NPT é muito semelhante ao padrão BSP para os diâmetros de 1/2″ e 3/4″, pois existe uma similaridade entre as características técnicas dos fios de rosca nestas duas variações de padrão.

2.6. Temperatura de acionamento

O princípio de funcionamento do sprinkler é a ativação do elemento termossensível (bulbo ou liga fusível) quando o ambiente atinge uma determinada temperatura; esta é a temperatura de acionamento ou temperatura nominal do sprinkler. Existem faixas de temperaturas definidas em norma, porém foram adotados valores de referência comercial. Os mais convencionais no mercado brasileiro são 68°C, 79°C, 93°C e 141°C, conforme demonstrado no quadro abaixo:

tabela cores dos bulbos

Nota: existem dois tipos de elementos termossensíveis: Tipo Ampola de Vidro (mais conhecido como Bulbo) e Tipo Liga Fusível.Leia mais sobre os bulbos de vidro em nosso artigo: Entenda as cores dos bulbos dos sprinklers e sua relação com a temperatura

2.7. Acabamento

Para evitar problemas com o dono da obra e especialmente com o Arquiteto, é melhor especificar direitinho o acabamento do sprinkler. Se não… Imagina o teto negro do cinema ou da casa de show com um tremendo sprinkler branco ou cromado. Seria um problema na certa!
Os acabamentos mais convencionais são o cromado e o natural, porém em locais onde se exige mais requinte pode-se adotar o acabamento branco ou o preto (básico!).

acabamento do sprinkler

Existem, ainda,outros tipos de revestimentos/acabamentos, tais como o PTFE, queconferem ao sprinkler um grau de proteção contra corrosão. Este assunto será objeto de outro artigo, porém é importante que o profissional responsável em especificar o equipamento saiba que apenas alguns modelos possuem esta característica especial. É importante saber que o fato de um sprinkler possuir acabamento cromado, não lhe confere a capacidade de resistência à corrosão.

2.8. Certificação do produto

Como vimos no início do artigo, o sprinkler é um equipamento extremamente técnico e precisa ter sua qualidade comprovada através de um Órgão Certificador (OCP) devidamente acreditado, pois como diz a máxima: Nem tudo que reluz é ouro. Não basta ser bonito e bem polido, deve ter, acima de tudo,qualidade comprovada!
As certificadoras mais conceituadas no mercado nacional são a Underwriters Laboratories do Brasil (ULbr) e obviamente a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Todas certificam o produto seguindo os critérios da Norma Técnica ABNT NBR 16400:2018. Também existe a possibilidade de certificação internacional através da FM Approvals (FM) que é uma das mais conceituadas no mercado de prevenção contra incêndio.

Certificação do produto

2.9. Resumo

Na tabela abaixo apresentamos de forma resumida as oito características básicas que devem ser definidas para uma correta e completa especificação do sprinkler.

oito características básicas de especificação do sprinkler

 

3. Exemplo de uma correta especificação

São apresentados abaixo dois exemplos para facilitar a visualização entre os dados técnicos e a imagem do sprinkler.

especificação técnica sprinkler rtr k-80

especificação técnica sprinkler jcr k-115

Exemplos acima, retirados de: Tem certeza que está comprando/especificando o Sprinkler corretamente?

4. Conclusão

Entendendo bem cada uma das características técnicas expostas acima, todo o processo da cadeia de fornecimento será facilitado: especificação do produto, solicitação de orçamento, definição de compra e fornecimento; impactando ainda, de forma positiva, naqueles eventuais contratempos que ocorrem na execução da obra, quando se descobre que foi comprado o sprinkler errado e que isto causará possíveis atrasos. Munido das informações fornecidas neste artigo, o profissional terá maior condição de acertar a especificação do sprinkler que se deseja adquirir. Desta forma todo o processo será beneficiado, da solicitação do orçamento à entrega da instalação, pois quando se trata da proteção à vida e ao patrimônio não existe espaço para o erro.

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6 respostas para “Sprinkler: Conhecendo as características técnicas e a forma correta de especificar”

  1. Mauro Sergio S. Oliveira disse:

    Muito bom.
    Senhores, gostaria de receber sempre que for possível informações sobre sistemas contra incêndio e suas vantagens em edificações,comerciais, áreas industriais e classificadas.

    Atenciosamente.

  2. Rezende disse:

    Gostaria de saber se existe norma específica sobre a instalação de bicos ocultos.

  3. Victor Moraes disse:

    Excelente material. Parabéns! Quando comecei a projetar ficava irritado pq as folhas de dados não informavam qual a unidade do K. Depois a gente termina aprendendo.

  4. Bom dia.

    Preciso saber qual é a vida útil de um sistema de sprinklers instalado ?

  5. Artigo excelente.
    Conhecimento fundamental para um projeto de segurança.

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