A norma ABNT NBR 16981 amplia os critérios para proteção de depósitos, possibilitando que a maioria das áreas de armazenamento existentes se torne segura contra incêndios, a partir da instalação de sistemas de sprinklers. É o que apontaram especialistas durante webinar realizado pelo Instituto Sprinkler Brasil na última semana.
Para Marcelo Lima, diretor-geral do ISB, a norma preencheu uma lacuna necessária. “Tínhamos a NBR 13792, que já estava obsoleta e não tratava da grande parte dos depósitos ou das condições de armazenagem que existem no Brasil”, comenta.
Lima destaca que a norma pode ser aplicada ao armazenamento de mercadorias com diferentes classificações de riscos. “Quando falamos da norma, automaticamente pensamos em mercadorias da classe I a classe IV, e plásticos, porque ao menos 90% dos depósitos que encontramos armazena esse tipo de material, mas a 16981 cobre também outras mercadorias como pneus, bobinas de material não tecido, bobinas de papel, aparas de papel, fardos de algodão e paletes vazios”, analisa.
Ainda assim, alguns outros materiais não foram contemplados como, por exemplo, lona vinílica, líquidos inflamáveis e combustíveis, os quais devem ser observados de acordo com outras normas vigentes.
Entre as dúvidas mais comuns sobre a NBR 16981 está a questão da altura para instalação de sprinklers em depósitos. Segundo João Carlos Wollentarski Júnior, diretor da Ipê Consultoria e da PROTECTO-Tec Sistemas contra Incêndio, essa norma cobre qualquer altura de estocagem. “Se você tiver um galpão de 200 metros de altura, existe critério de proteção para ele. O que muitos não entendem é que existem limites para proteções somente pelo teto, sem uso de sprinklers de nível intermediário, e isso gera muita confusão. Se você optar por trabalhar com sprinkler no teto e nos níveis intermediários, o céu é o limite”, afirma.
Outro ponto bastante questionado é o que fazer quando se tem um depósito com teto muito inclinado. Marco Silva, gerente de engenharia de campo da FM Global, analisa que a razão da norma trazer uma limitação de altura para esse caso é o funcionamento do dispositivo de chuveiro automático. “O sprinkler opera pelo calor que chega nele e não necessariamente pelo contato com a chama. Quando se tem um telhado muito inclinado, passando de 10 graus, esse calor passa muito rápido pelo sprinkler, não criando uma zona de acúmulo, e isso impacta diretamente em qual bico vai abrir e em qual velocidade vai abrir, por isso temos essa limitação em torno de 10 graus, que já foi testada e consegue ter uma garantia de segurança e efetividade dos bicos”, explica.
Um fator levantado pelos especialistas como desafio no sentido da proteção de áreas de armazenamento é a ainda recorrente falta de informação nos projetos de instalação.
O Major PM Marcelo Cezário Di Rago, chefe da Divisão de Análise Centralizada do Departamento de Segurança e Prevenção Contra Incêndio do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo, alerta projetistas e instaladores sobre alguns itens comunicados de forma recorrente na análise e vistoria de projetos. “O projeto de instalação de sprinklers em depósitos tende a ser complexo. Portanto, precisamos saber as tabelas utilizadas no dimensionamento, a classificação das mercadorias, forma e altura de armazenamento, entre outros detalhes importantes”.
O seminário online dá sequência às ações comemorativas dos 10 anos do Instituto Sprinkler Brasil – organização sem fins lucrativos que tem como missão difundir o uso de sprinklers em instalações industriais e comerciais no País, com o objetivo de ampliar o debate sobre a proteção contra incêndio em depósitos.
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