Autor: Braulio Viana – Equipe de Suporte Técnico Skop
Sumário:
- O que é?
- Como funciona?
- Onde é aplicada
- Visão geral da aplicação da Chave de Fluxo no Sistema de Sprinkler
- Principais características técnicas
- Como instalar?
- O que dizem as normas ABNT e NFPA?
- Curiosidade: Sistema de incêndio x Sistema de ar condicionado central
1. O que é?
A chave de fluxo, também conhecida como flowswitch ou fluxostato, é um dispositivo de monitoramento do sistema de proteção contra incêndio por sprinklers que identifica se existe fluxo de água no interior da tubulação hidráulica e “passa” essa informação para a Central de Incêndio. Imagine que o painel da central de incêndio de um prédio de vinte andares acuse alarme de incêndio, mas não mostre o andar no qual ocorre o incêndio. A chave de fluxo, instalada em cada um dos pavimentos, ajudará nesta identificação.
A chave de fluxo é composta, basicamente, por:
- Palheta – Dispositivo que fica em contato com a água;
- Interruptor (switch) – Contato elétrico que fecha quando há fluxo de água;
- Retardo pneumático – Dispositivo que evita alarmes indesejáveis. Definido na figura 3 do requisito 5.7.2 da ABNT NBR10897:2014.
Fonte: Fig. 16.33 – NFPA13:2019 (adaptado)
2. Como funciona?
Quando um dos sprinklers é ativado e as bombas de água do sistema entram em funcionamento (falaremos melhor sobre essa sequência mais abaixo), a água movimenta-se no interior da tubulação e empurra a palheta que está interligada a uma das extremidades de uma haste metálica. Ao se movimentar, a outra extremidade da haste ativa o interruptor (switch) que possui um contato elétrico interligado à central de incêndio, possibilitando a geração de um alarme local ou remoto.
3. Onde é aplicada?
Em boa parte das situações, as CHAVES DE FLUXO serão aplicadas no conjunto da Conexão Setorial de dreno, ensaio e alarme (conhecido também como conexão de teste e alarme ou kit setorial), instalada em cada um dos pavimentos ou setores de uma edificação. Neste artigo, estamos analisando a chave de fluxo como um dispositivo para a geração de alarme e por isso deverá estar interligada à Central de Detecção e Alarme de Incêndio, com previsto na figura 3 na Norma ABNT NBR10897:2014.
A Norma de projeto indica, ainda, que: “cada sistema de chuveiros automáticos deve ser provido de uma conexão de teste e alarme, cuja principal função é testar o funcionamento dos alarmes de fluxo de água (gongo, chave de fluxo).”
Outra aplicação é a que utiliza a chave de fluxo logo após a válvula de retenção (jusante), indicando o fluxo de água em função da ativação do sistema. O projetista João Carlos W. Jr “tem como premissa adotar fluxostatos com retardo de sinal logo acima da válvula de governo e interligados à central de alarme, quando a edificação possui [central de] alarme de incêndio. Quando não há essa exigência, sugere-se adotar válvula de governo e alarme (VGA) com trim (câmara de retardo + gongo hidráulico).” O autor acrescenta, ainda, que “ prefere não adotar pressostatos em sistemas molhados para identificação de fluxo de água na central de alarme, considerando que algumas instalações estão sujeitas a variação de temperatura que pode criar variação depressão na rede e levar o pressostato a gerar, equivocadamente, uma falsa leitura da situação real” (WOLLENTARSKI JR., 2014, p.69).
4. Visão geral da aplicação da Chave de Fluxo no Sistema de Sprinkler
A figura abaixo demonstra uma edificação com dois pavimentos, cada qual com sua Conexão Setorial.
Para sermos mais didáticos, colocaremos a sequência de operação, através de tópicos. A sequência é a seguinte:
- Um ou mais sprinklers da instalação entram em funcionamento por elevação da temperatura no ambiente protegido;
- A pressão de água diminuindo trecho entre o sprinkler e a VGA. Passa a existir diferença de pressão entre os trechos antes e depois da VGA e isso faz com que o obturador (retenção) da VGA abra parcialmente gerando, por consequência, a diminuição de pressão de água no trecho entre as bombas de incêndio (jockey e principal) e a VGA;
- Os pressostatos de baixa pressão, instalados na casa de bombas de incêndio, “percebem” a queda de pressão e ligam as bombas de água;
- Quando as bombas de incêndio são ligadas, inicia-se o fluxo de água pela tubulação até o ponto onde ocorreu a ativação do sprinkler. É nesse momento que a chave de fluxo identifica o fluxo de água e repassa essa informação para a central de incêndio para que o alarme e os demais procedimentos sejam executados;
NOTA: No exemplo acima, consideramos um sistema de tubulação molhada.
5. Principais características técnicas
- Diâmetro: 1”, 1-1/4”, 1-1/2”, 2”, 2-1/2”, 3”, 4”, 6” e 8”;
- Tipo de retardo: pneumático;
- Vazão mínima: entre 15 e 40 L/mim (característica pouco citada, porém de suma importância);
- Tipo da chave: Tipo T (T-Type) ou Tipo boca de lobo (Vane-Type ou Paddle-Type)
NOTA: a “palheta” da chave de fluxo do sistema de incêndio do tipo boca de lobo é de nylon e possui aparência de uma nadadeira. NÃO é metálica!
5.1 Diâmetro da rosca
Normalmente os fabricantes disponibilizam chaves de fluxos nos seguintes diâmetros: 1”, 1-1/4”, 1-1/2”, 2”, 2-1/2”, 3”, 4”, 6” e 8”.
5.2 Retardo pneumático
A figura 3, presente no requisito 5.7.2 da norma ABNT NBR10897:2014, informa a necessidade de que a chave de fluxo possua retardo pneumático. Sendo assim, pela Norma Brasileira, fica descartada a utilização de chaves de fluxo com retardo eletrônico ou, ainda, que esse retardo (delay) seja incluído na programação da central de incêndio. O retardo pneumático tem a função de evitar falsos alarmes, fazendo com que o contato do interruptor (switch) só seja ativado se a vazão de água perdurar por um certo tempo. Normalmente as chaves de fluxo possuem ajuste entre 0 e 90 segundos.
5.3 Vazão mínima de ativação
Em geral, os fabricantes indicam uma vazão de ativação da chave de fluxo entre 15 e 40L/mim. Essa faixa de vazão é suficiente para atender ao requisito 5.9.1 da ABNT NBR10897:2014, que diz: “O alarme de fluxo de água […] deve ser ativado pelo fluxo de água equivalente ao fluxo em um chuveiro automático [sprinkler] de menor orifício instalado no sistema”.
5.4 Tipos
Tipo boca de lobo (Vane-Type ou Paddle-Type) – A chave de fluxo possui conexão por meio de encaixe e anel de vedação. São fixadas através de um grampo de aço do tipo U. Normalmente este tipo de chave de fluxo é instalada através de uma perfuração na tubulação e fixadas através de um grampo de aço do tipo U.
Tipo T (T-Type) Chave de fluxo modelo T-TYPE – A chave de fluxo que possui conexão roscada e, dependendo do fabricante, já vem montada em uma conexão “tê”. Chaves de fluxo T-type são mais aplicadas em tubulações com diâmetros menores, como: 1” e 1-1/2”.
6. Como instalar?
6.1 Chave de Fluxo modelo VANE-TYPE (ou boca de lobo)
Dependendo do fabricante, este tipo de chave de fluxo pode ser instalada em tubulações horizontais ou verticais e em qualquer ângulo, observando, em todos os casos, o sentido de fluxo e trechos retos mínimos à montante ou jusante. Para instalar a chave é necessário furar a tubulação com a utilização de uma serra copo, no diâmetro especificado pelo fabricante e introduzir a palheta de nylon dobrada no furo. É importante observar se o anel de vedação em neoprene está bem assentado no tubo para que promova a estanqueidade desejada.
ATENÇÃO: se a instalação da chave de fluxo for em tubo de cobre (paredefina) talvez seja necessário adotar cuidados especiais, conforme a orientação do fabricante, pois caso esses cuidados não sejam tomados, o funcionamento da chave de fluxo poderá ser comprometido em função de uma “ovalização” do tubo no ato da instalação.
Também é importante apertar o grampo “U” de forma gradativa, revezando cada uma das porcas, para que o aperto ocorra igualmente dos dois lados. Este procedimento evita a deformação do anel de vedação e possíveis vazamentos.
6.2 Chave de fluxo modelo T-TYPE
Possui conexão roscada para instalação em conexão do tipo “tê” já existente. Dependendo do fabricante, pode já vir montada em uma conexão do tipo “tê” ou não. A interligação com o restante da tubulação será realizada com a utilização das conexões convencionais, segundo a conveniência do instalador.
7. O que dizem as normas ABNT e NFPA?
Vale ressaltar os demais requisitos que falam diretamente ou citam algo relacionado à chave de fluxo para sistemas de proteção contra incêndio.
ABNT NBR10897:2014:
- Requisito 5.7.1 – “Cada sistema de chuveiros automáticos deve ser provido de uma conexão de teste e alarme, cuja principal função é testar o funcionamento dos alarmes de fluxo de água (gongo, chave de fluxo).”;
- Requisito 5.7.2 (Figura 3) – Indica que a conexão de teste e alarme de cada andar de edificações de múltiplos pavimentos deve possuir chave de fluxo com retardo pneumático;
- 9.1 – “O alarme de fluxo de água deve ser específico para sistemas de chuveiros automáticos e deve ser ativado pelo fluxo de água equivalente ao fluxo de um chuveiro automático de menor orifício instalado no sistema.”
- 9.4 – “As chaves de alarme de fluxo tipo palheta com retardo automático [pneumático conforme 5.7.2-fig.3] devem ser instaladas apenas em sistemas de tubo molhado.”;
NFPA13:2019:
- Requisito 16.11.3.4 e A.16.11.3.4 – Orientam, entre outras coisas, que a chave de fluxo deve ser instalada apenas em sistemas molhados/inundados (“wet systems only”) e que a única exceção é a instalação de chave de fluxo em sistema molhado que possui sistemas de pré-ação ou secos como sistemas auxiliares. Segue abaixo o print do texto original para melhor entendimento.
8. Curiosidade: Sistema de incêndio x Sistema de ar condicionado central
Eventualmente, pode ocorrer alguma confusão entre a chave de fluxo destinada ao sistema de sprinklers e a destinada ao sistema ar condicionado. Ambas monitorarão fluxo de água, porém existem diferenças físicas e de aplicação que tentaremos esclarecer de forma breve.
Chave de Fluxo para sistema de incêndio:
- Possui uma única “palheta” construída em nylon, exclusiva para um único diâmetro de tubulação;
- A “palheta” ocupa todo o diâmetro interno da tubulação hidráulica;
- São mais sensíveis, pois são destinadas a trabalhar em vazões menores.
Chave de fluxo para sistema de ar condicionado:
- Normalmente é fornecida com um conjunto de palhetas adaptáveis aos possíveis diâmetros da tubulação;
- Tais palhetas não ocupam todo o diâmetro interno da tubulação hidráulica;
- São destinadas a trabalhar em vazões muito superior à vazão do sistema de incêndio.
Autor: Braulio Viana – Equipe de Suporte Técnico Skop
Referências:
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10897: Sistema de proteção contra incêndio por chuveiros automáticos – requisitos. Rio de Janeiro: ABNT, 2014. p. 17 e 20.
WOLLENTARSKI JR., J. C. Sprinklers: Conceitos básicos e dicas excelentes para profissionais: um estudo prático sobre a NFPA 13. Publicações do Prêmio Instituto Sprinkler Brasil. São Paulo, 2015. p.98.
NATIONAL FIRE PROTECTION ASSOCIATION – NFPA 13: Automatic Sprinkler Systems. NFPA, 2019. P. 464.
Muito bom o explanação, e rico de conteúdo meus parabéns.
Um.forte abraço.
Osvaldo Soares De sousa
Eletrotecnico.
Olá Osvaldo.
Ficamos satisfeitos que você tenha gostado do conteúdo.
Agradecemos e retribuímos suas felicitações.
Conte conosco!
Gostei da literatura e esclareceu algumas dúvidas.
Parabéns!
Obrigado Jarbas.
Se “pintar” alguma outra dúvida, fale conosco através do e-mail suporte@skop.com.br .
Conte conosco!
Muito bom, interessante a comparação com a de ar condicionado, para evitar erros na especificação e aquisição.
Olá Graton.
Ao longo das atividades, percebemos que alguns profissionais realmente faziam confusão entre as aplicações.
Nossa intenção é esclarecer o máximo possível para ajudar nossos parceiros.
Se puder, compartilhe este conhecimento com outros.
Forte abraço.
Conte conosco!
Excelente! Ótimo conteúdo para expandir o conhecimento sobre este dispositivo.
Olá Rodrigo.
Que bom que o conteúdo te ajudou nessa expansão de conhecimento.
Se puder, compartilhe com outros profissionais do ramo.
Forte abraço.
Conte conosco!
Excelente explicação.
Muito obrigado Marcos.
Esperamos que aproveite cada vez mais nossos conteúdos.
Conte conosco!
Bom dia, meu nome é Rafael, sou Técnico de Edificações, moro no RJ, gostaria de atuar na área de proteção contra incêndios através de cursos.
Vocês poderiam me ajudar?
Obrigado
Olá Rafael.
Que bom que você está interessado na área de proteção contra incêndio. O mercado necessita de profissionais com boa formação técnica e prática. No momento não temos informação de cursos aqui no RJ. Para ajudá-lo de alguma forma, sugerimos que você explore os conteúdos que temos no site da Skop (+ de 150) e também faça download das literaturas gratuitas do Instituto Sprinkler Brasil (ISB). Entre elas, destacamos:
https://sprinklerbrasil.org.br/biblioteca-item/sprinklers-conceitos-basicos-dicas-excelentes-para-profissionais/
https://sprinklerbrasil.org.br/biblioteca-item/instalacao-e-dimensionamento-de-sprinklers/
https://sprinklerbrasil.org.br/biblioteca-item/principios-basicos-para-o-calculo-de-sistemas-de-sprinklers/
Tratam-se de trabalhos técnicos vencedores do concurso ISB. Na biblioteca do ISB tem muito mais…
Permanecemos à disposição.
Conte conosco !!!
Gostaria de esclarecimentos sobre o visor de fluxo utilizado no setorial dreno, ensaio e alarme. Já utilizei uma válvula que vem com visor incorporado, mas a mesma é importada e de alto custo. Quais alternativas para atender a NBR-10897/04 como economia?
Olá Wellington.
Até o momento, só conhecemos estas duas opções: válvula compacta e a composição demonstrada na seção 5.7.2 da ABNT NBR10897:2014.
Inicialmente, a válvula com dreno, teste e visor incorporados, é uma ótima opção devido ao ganho de espaço e tempo de montagem, porém o custo, como você apontou, é o maior impeditivo. A outra opção, mais em conta, é a montagem do dispositivo como demonstrado na Norma. Acreditamos que a solução da válvula compacta seja a melhor e esperamos que tenhamos, em breve, opções, nacional ou importada, que viabilize sua utilização.
Para ambas as soluções, ressaltamos a necessidade de utilização de chave de fluxo (flow switch) com retardo PNEUMÁTICO e palheta adequada, como orienta a Norma.
AGRADECEMOS SUA INTERAÇÃO! CONTE CONOSCO !!!
Bom dia, tenho como montar uma chave de fluxo em tubulação de incêndio com o tubo na vertical e o sentido de fluxo para baixo??
Obrigado,
Oswaldo
Olá Oswaldo!
Se a chave de fluxo em questão for de fabricação All-Mex, modelo F-01 (http://www.skop.com.br/produto/chave-de-fluxo-2/), sim, pode ser montada na “vertical e o sentido de fluxo para baixo”. O fabricante informa que pode ser montada em qualquer posição (360º / descida ou subida ), mantendo-se a seta (montagem) no sentido do fluxo.
É necessário confirmar se a chave de fluxo de outros fabricantes funcionariam normalmente nas condições descritas em sua pergunta.
Aguardamos sua interação em outros conteúdos de nosso blog.
Boa noite, você poderia compartilhar esse material via e-mail?
Olá Anderson.
Este conteúdo foi editado diretamente na plataforma do site. Você pode usar o recurso de impressão e gerar um pdf para encaminhar por email:
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muito bom….excelente conteúdo….
Olá Tiago.
Nossa equipe fica lisonjeada com suas palavras. Muito obrigado!
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Muito bom, conteúdo bem fácil de entender e rico !
Olá Valéria.
Muito obrigado por suas palavras. Nos esforçaremos para continuar disponibilizando conteúdos relevantes.
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Muito bom o conteúdo,muito bem esplicado, tirou algumas dúvidas.
Conteúdo esclarecedor. Ótimo.
Grato
Conteúdo muito bom e bem direto. Parabéns. Uma única dúvida. Consigo fazer manutenção preventiva na chave de fluxo e somente a corretiva executando a troca. A manutenção preventiva que me refiro, além do funcionamento elétrico também a inspeção da inspeção da palheta. Desde já obrigado.