1. Resumo
Como base para a certificação de produto no Brasil, a Norma técnica ABNT NBR 16400:2018 elevou, de nove para dezessete, o número de ensaios; somado a isso, possui cerca de 80% dos ensaios presentes nas normas internacionais, atende ainda mais aos três grupos de ensaios e possui outras qualidades que a coloca entre as Normas mais qualificadas.
2. Introdução
Vimos em um artigo anterior que a Norma técnica ABNT NBR16400:2018 é base para a certificação de sprinklers no Brasil e que o fluxo das legislações federais e estaduais, nos direcionam a ela. Neste artigo falaremos não só sobre a quantidade dos ensaios, mas como cada um deles relaciona-se com o processo minucioso de avaliação do produto sprinkler ao longo da auditoria de certificação.
3. Desenvolvimento
A Norma técnica de produto teve sua primeira edição em 1960, foi totalmente reeditada em 2015 e passou por revisão em 2018. É importante registrar que “até o ano de 2015 eram exigidos nove ensaios e na atual são dezenove […], sendo dezessete direcionados aos sprinklers de cobertura padrão” (Viana, 2017, p.55).
Atualmente, o Brasil possui uma Norma de produto à altura de qualquer Norma internacional, pois conta com cerca de 80% dos ensaios existentes nas Normas internacionais de referência: ISO6182-1, FM2000 e UL199;ocorreu também aumento na quantidade de ensaios em cada um dos chamados: “grupos de afinidade”. Estão descritos abaixo os grupos de afinidades, os ensaios que o compõem e o objetivo de cada um deles.
3.1. Grupo 1 – Ensaios relacionados à resistência dos materiais
Neste grupo serão testados especificamente os materiais que compõem o sprinkler, ou seja, ligas metálicas do corpo, defletor e obturador, estrutura da ampola de vidro (bulbo) e o material utilizado no elemento vedante. […] Seis ensaios fazem parte deste grupo de afinidade (Viana, 2017, p.81):
1. Exposição ao calor para sprinklers com ampola de vidro – Tem o objetivo de “avaliar a resistência de elementos termos sensíveis do tipo ampola de vidro” (NBR16400, 2018, p.13).
2. Ensaio de Choque Térmico –Tem o objetivo de “avaliar a integridade da ampola de vidro do chuveiro automático, quando submetida à variação brusca de temperatura.” (NBR16400, 2018, p.14).
3. Resistência ao Impacto – Verifica-se se o sprinkler suportará“impactos associados à manipulação, transporte e instalação, sem apresentar degradação de desempenho ou confiabilidade” (NBR16400, 2018, p.19).
4. Resistência ao Calor – Tem o objetivo de “confirmar que os materiais do corpo e do defletor do sprinkler resistirão às altas temperaturas de um eventual incêndio” (Viana, 2017, p.118). Por mais absurdo que isso possa parecer, é comum que sprinkler não certificados, fabricados com materiais inadequados, derretam ao passar por este ensaio.
5. Resistência à Vibração – “simula […] a influência da vibração sobre a estrutura física do sprinkler” (Viana, 2017, p.103).
6. Resistência à Corrosão – Tem o objetivo de “testar a resistência dos materiais que constituem o sprinkler, contra a ação de agentes corrosivos” (Viana, 2017, p.109).
3.2. Grupo 2 – Ensaios relacionados à montagem e vazamento
Neste grupo será testada especificamente a regularidade na montagem, o atendimento aos padrões previstos no projeto do sprinkler e as condições de estanqueidade e resistência hidrostática. […] Seis ensaios fazem parte deste grupo de afinidade (Viana, 2017, p.81):
- Exame Visual – Verificação das marcas e identificações obrigatórias, compatibilidade com o projeto original e uniformidade das amostras;
- Ensaio de Estanqueidade – “verifica se ocorre qualquer tipo de vazamento visível em chuveiros submetidos à pressão” (NBR16400, 2018, p.12)
- Ensaio de Resistência Hidrostática – “Os chuveiros devem ser capazes de resistir, sem ruptura, à pressão hidrostática especificada” (NBR16400, 2018, p.13).
- Resistência ao Vazamento por 30 Dias – Visa “garantir que o sprinkler não apresentará vazamentos quando for submetido a pressões elevadas durante períodos prolongados” (Viana, 2017, p.114).
- Resistência ao Vácuo – Tem o objetivo de “avaliar a estanqueidade do sprinkler, quando o mesmo é submetido a condições de pressão negativa” (Viana, 2017, p.116), que pode ser gerado, por exemplo, pela drenagem da tubulação.
- Resistência ao Golpe de Aríete – Tem o objetivo de “garantir que o sprinkler não apresentará vazamento, caso seja submetido ao efeito […] conhecido como golpe de aríete”(Viana, 2017, p.103), que pode ser provocado, por exemplo, pelo fechamento indevido de uma válvula de bloqueio.
3.3. Grupo 3 – Ensaios relacionados à funcionalidade
Como o nome já ressalta, os ensaios deste grupo simulam situações relacionadas diretamente ao funcionamento do sprinkler. […] Cinco ensaios fazem parte deste grupo de afinidade (Viana, 2017, p.82):
- Ensaio de Temperatura – “O objetivo principal deste ensaio é garantir que o elemento termossensível (ampola), quando montado no conjunto do sprinkler, será ativado na faixa de temperatura prevista na norma.” (Viana, 2017, p.121).
- Ensaio de Funcionamento – Tem o objetivo de avaliar se algum componente ficará alojado após a ativação do sprinkler. Caso isto ocorra, a correta distribuição de água ficará totalmente comprometida, prejudicando o combate ao incêndio.
3. Ensaio de Distribuição de Água – O objetivo é garantir “que haverá uma distribuição correta de água sobre a área de cobertura do dispositivo, de forma que toda a área protegida receba a quantidade de água” (Viana, 2017, p.139) ideal para o controle ou supressão do incêndio. É impossível garantir que o sistema de proteção contra o incêndio obtenha sucesso, sem que o sprinkler seja aprovado neste ensaio.
4. Ensaio de Sensibilidade Térmica – Garante que o tempo de resposta: rápido ou padrão, indicado pelo fabricante, está correto e que, devido a esta propriedade, o sprinkler será ativado no tempo adequado.
5. Ensaio de Vazão – Confirma que o “fator K”, indicado pelo fabricante, está correto, garantindo, desta forma, que o sprinkler tenha a vazão de água adequada ao controle ou à supressão do incêndio.
4. Conclusão
Os dezessete ensaios previstos na Norma técnica brasileira, testam integralmente todas dimensões existentes em um sprinkler, desde a performance da matéria prima (resistência ao calor e outros) até a manutenção da funcionalidade com o passar do tempo (resistência à corrosão e outros). Desta forma, não só a quantidade, mas a abrangência dos ensaios presentes na Norma técnica, garantem ao mercado brasileiro que sprinklers certificados segundo os seus critérios possuem a confiabilidade que se exige dos equipamentos aplicados em sistemas de proteção contra o incêndio.
Autor: Braulio Viana – Analista de Desenvolvimento e Qualidade
Referências
VIANA, B. M. G.SPRINKLERS NO BRASIL:Apresentação e análise da nova norma ABNT NBR16400:2015. Enfim uma sólida base técnica para a construção de um mercado confiável. IV Prêmio Instituto Sprinkler Brasil. São Paulo, 2017. 166p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR16400: Chuveiros automáticos para controle e supressão de incêndios: Especificações e método de ensaio. Rio de Janeiro: ABNT, 2018. 86p.
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Boa tarde qual o nome do líquido que fica dentro d bulbo. Sempre falam mercúrio. Acho que é água. Por ajudar. Obrigado. Abraço.
Olá Adalto!
O líquido presente no interior do bulbo de vidro é o composto de substâncias e o interessante é que, dependendo da temperatura nominal de acionamento, a composição do líquido muda. Para mais informações estamos disponibilizando o link de um pequeno artigo de nosso site que aborda o assunto. Segue:
http://www.skop.com.br/2018/07/12/qual-a-composicao-do-liquido-interno-do-bulbo-de-vidro-do-sprinkler/
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