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9 de maio de 2017 / Por / 0 Comentário

Potencial para salvar vidas

Os sprinklers são instalados no teto e devem ser capazes de controlar o fogo por meio da distribuição de um jato de água sobre o foco inicial.

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Projetados para funcionar como uma rede de chuveiros automáticos, os sprinklers são instalados diretamente no teto das edificações e, uma vez acionados, devem ser capazes de controlar ou extinguir o fogo por meio da distribuição de um jato de água sobre o foco inicial. Em outras palavras, descarregam água assim que detectam um incêndio, ou seja, quando a temperatura predeterminada para o local for excedida.

Com o uso disseminado por todo o mundo, onde mais de 40 milhões de pulverizadores são instalados a cada ano, o equipamento tem a seu favor o resultado de pesquisas que apontam que, em edifícios protegidos por sprinklers, mais de 99% dos incêndios foram controlados somente com seu uso. Ao contrário de equipamentos como extintores, mangueiras ou hidrantes, os chuveiros automáticos iniciam o combate ao incêndio sem a necessidade de ação humana, reduzindo as chances de propagação das chamas e sua manifestação em grandes proporções.

“É preciso que todos tenhamos consciência de que incêndios vão acontecer, só não se sabe quando e onde. A legislação no Brasil evoluiu muito nos últimos anos, se aproximando dos requisitos das normas internacionais. As ‘brechas’ para que qualquer estabelecimento possa funcionar sem a instalação de sprinklers diminuíram consideravelmente. Porém, a necessidade da presença desses sistemas ainda não se aplica a muitas categorias de estabelecimentos. Além disso, também não existe por parte de órgãos públicos a obrigatoriedade de uso de equipamentos certificados, fato que coloca em risco a credibilidade operacional de muitos sistemas instalados”, explica o engenheiro de vendas da Gamafire, Guilherme Basso.

Eficiência

De acordo com uma pesquisa encomendada pela FM Global e a organização americana denominada Home Fire Sprinkler Coalition (HFSC), os chuveiros automáticos reduzem em 90% a quantidade de água necessária para apagar um incêndio, diminuindo o dano material do fogo em até 97%. Em comparação com uma mangueira de incêndio, que pode utilizar até mil litros por minuto, um sprinkler individual despeja de 40 a 45 litros de água por minuto.

No Brasil, mesmo após a tragédia com a Boate Kiss, a legislação para o uso do equipamento é considerada branda. Em São Paulo, só há obrigatoriedade de instalação de sprinklers em casas noturnas com capacidade acima de 10 mil pessoas. Em ambientes menores, com capacidade superior a três mil pessoas, os proprietários desse tipo de estabelecimento têm a opção de escolher entre o uso dos sprinklers ou de um equipamento de controle de fumaça.

“É por isso que a associação aguarda com ansiedade a assinatura do novo decreto paulista pelo governador, uma vez que ele trará mudanças importantes em relação a esse tema, alinhadas ao que já vemos em nível de exigência em outros lugares, como acontece justamente nos Estados Unidos, onde o sprinkler já é usado em larga escala, há muitas décadas”, assinala João Wollentarski Júnior, presidente da Associação Brasileira de Sprinklers (ABSpk).

Decreto ampliará uso

Pelo novo decreto de São Paulo, que acaba de passar por consulta pública e que agora depende da assinatura do governador do Estado, Geraldo Alckmin, para se tornar lei, as casas noturnas com capacidade a partir de 500 pessoas terão que obrigatoriamente optar entre instalar sistema de controle de fumaça ou de sprinkler.

Palestra: A qualidade oculta do Sprinkler certificado

“Isso nos leva a crer que, no futuro, todos esses estabelecimentos terão de ter sprinkler ou fazer o controle de fumaça”, afirma o presidente da ABSpk. O executivo acredita que, nos casos em que o empresário poderá opinar por um ou outro sistema de proteção, muitos poderão acabar recorrendo à instalação de chuveiros automáticos, em vez do controle de fumaça, já que, o primeiro, em uma situação de fogo, funciona como equipamento de combate, enquanto o segundo apenas detecta a presença incomum de fumaça, calor ou fogo, necessitando de alguém para eliminar as chamas.

A nova legislação de São Paulo, se aprovada, também passará a exigir chuveiros automáticos em qualquer boate onde o número de ocupantes passar de três mil pessoas – revertido em metros quadrados, a lei deve abranger todos os locais com mais de 1,5 mil metros quadrados. Nesse caso, não poderá mais optar por um sistema ou outro, como ocorre atualmente.

Além disso, Wollentarski assinala que o novo decreto passa a exigir a compartimentação horizontal. “Como ainda não temos a Instrução Técnica, não sabemos a área que vai sair para compartimentar, o que poderá ser substituída, de acordo com o próprio decreto. Como é difícil compartimentar uma boate, penso que teremos mais boates com sprinkler com base nestas duas condições criadas”, completa.

Na avaliação do executivo, se houvesse chuveiros automáticos na boate Kiss, em Santa Maria, o desfecho poderia ter sido completamente outro e não descarta que, por esse motivo, o governador deva aprovar as mudanças. “O episódio brasileiro deixa como herança a discussão sobre a necessidade de rever as legislações vigentes. A tragédia gerou uma forte discussão, mas que ainda não saiu efetivamente do papel. Acreditamos que agora o governador irá assinar o decreto, servindo de exemplo a ser seguido por outros estados”, assinala.

Indústria também preocupa

Não são apenas os locais com grande concentração de público que hoje preocupam o setor pela falta de legislação, que obriga o uso de sprinkler. O setor industrial está praticamente de fora da obrigatoriedade de instalação do produto.

Para Wollentarski, a legislação é falha, pois só faz a exigência da instalação em estruturas muito altas, o que não costuma ser perfil da indústria no Brasil, quase sempre térrea. E, mesmo quando contempla o seu uso, só o faz em último caso.

“Em um ambiente industrial não se perde muitas vidas, como aconteceria em uma boate lotada ou em um shopping center, por isso o apelo midiático acaba sendo menor. Mas é preciso lembrar que os chuveiros automáticos, além de salvar vidas, protege o patrimônio de perdas geradas pelas chamas”, afirma.

Pelo decreto em vigor atualmente em São Paulo existe um item que permite a criação de uma barreira de fumaça no teto para ocupações mistas de depósitos, indústrias e escritórios para evitar a compartimentação destas áreas (edificações térreas).

“O decreto atual acabou com isso. Na prática, esse item servia para não se ter sprinkler na área industrial ou de escritório de ocupações mistas que envolviam depósito. Exemplo, uma indústria térrea I-2 com depósito de matéria-prima e material acabado (J-4) com área de escritório (D-1). Só as áreas de depósito J-4 tinham chuveiros automáticos e a divisão entre estas áreas era feita apenas com uma draft-curtain no teto. Agora ou se coloca sprinkler em tudo ou faz uma parede corta-fogo entre as ocupações”, explica o executivo.

Outro setor que deve ser afetado positivamente pelo novo decreto é o grupo denominado E (escolas). Pela nova legislação, os proprietários deverão fazer a compartimentação horizontal em imóveis acima de 23 metros, podendo a mesma ser substituída por sprinkler, mais a detecção.

Avanço já começou

Apesar de apontar esses setores como os menos acolhidos atualmente pela legislação que obriga o uso do chuveiro automático, o presidente da ABSpk reconhece que o Brasil avançou muito no tema. Atualmente, segundo ele, muitas das exigências estão em linha com a legislação americana, por exemplo. Ele diz que o mercado de sprinklers no País é relativamente jovem, tendo o seu uso iniciado a partir da década de 1970.

Em locais de grande circulação já é possível avistar facilmente os equipamentos, instalados no teto das edificações. Aeroportos, shopping e hospitais são apenas alguns exemplos de estabelecimentos que já utilizam o produto em larga escala.

Importância das normas

A Norma Brasileira que rege o setor de sprinkler é a NBR 10897, de Proteção Contra Incêndio por Chuveiro Automático, publicada em 2007, baseada na americana NFPA 13, que data de cinco anos antes. Desde 2002, já foram feitas quatro revisões da NFPA 13. A norma brasileira foi atualizada em 2014 pelo Comitê Brasileiro de Segurança Contra Incêndio (ABNT/CB-24).

A qualidade dos produtos utilizados nos sistemas de proteção contra incêndio também é item fundamental para que funcionem em caso de necessidade. Assim, a comissão de estudos de chuveiros automáticos da ABNT criou a NBR 16400, em substituição às normas 6125 e 6135, passando de oito para 18 os tipos de ensaios laboratoriais que testam a qualidade e efetividade do produto.

Enquanto que a NFPA 13 prevê que os equipamentos e componentes do sistema de incêndio devem ser “certificados”, a norma brasileira ainda não faz esse tipo de exigência, por exemplo, para os “bicos” importados. Hoje, uma das maiores preocupações do setor está justamente na escolha desses ‘bicos’ por todo o Brasil.

Como quase 100% dos componentes são importados da China, muitos acabam chegando ao País sem a devida qualidade.

“A certificação é importante porque, diferentemente de outros equipamentos, o chuveiro automático só terá sua eficácia testada na hora de um incêndio. E, nessa hora, ele não pode simplesmente falhar”, explica o diretor do Instituto Sprinkler Brasil (ISB), Marcelo Lima.

A questão é uma das reinvindicações da Frente Parlamentar de Segurança Contra Incêndio, na Câmara dos Deputados, cuja criação teve o apoio do IBS. O assunto também está presente no novo decreto estadual de São Paulo, que aguarda assinatura do governador.

“Além disso, já fizemos um pedido formal ao Conselho Nacional dos Corpos de Bombeiros Militares do Brasil (Ligabom) para que o assunto certificação faça parte dos temas discutidos em seu Congresso neste ano”, explica Lima. O executivo diz que o setor tem cercado os órgãos competentes de todas as maneiras para que a certificação vire uma realidade.

Falhas em testes

Um estudo apresentado durante o Congresso Brasileiro de Sprinklers, no ano passado, feito pelo IFSA com duas amostras de sistemas de sprinklers recolhidas no Brasil mostrou que a falta de certificação é mais do que preocupante. Os testes, realizados em duas diferentes certificadoras americanas (UL e FM), concluíram que os equipamentos, quando testados, falharam completamente na resposta aguardada.

No total, foram testados 486 sprinklers, sendo 390 pendentes e 96 upright, todos sem certificação. Quando submetidos à verificação dos 36 itens obrigatórios aos testes, esses equipamentos apresentaram índice de falha de 47,5%, o que é absolutamente inaceitável aos padrões das duas certificadoras, cujo máximo permitido de falha é de menos de 1%.

Leia a publicação original clicando aqui.

Fonte: Revista Incêndio

eBook: Sprinklers: O guia essencial

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